O mês de dezembro, acima de tudo, é o mês da família. Neste sentido, importa refletir sobre a família na atualidade e o seu papel no desenvolvimento emocional de cada um.
A “família patriarcal”, característica de há uns anos, entrou em colapso. O modelo de família baseado no estável exercício da autoridade do homem adulto sobre a família está em “desuso”, sendo substituído por interações e dinâmicas diversificados no modo, sobretudo, como os seus elementos partilham as tarefas e as responsabilidades. O limite da “disponibilidade individual” em detrimento do bem-estar do outro ficou limitado, sendo mais rapidamente alcançado o ponto de saturação no relacionamento conjugal. A autonomia financeira dos cônjuges reflete-se numa responsabilidade familiar mais partilhada, facilitando a rutura do vínculo familiar, quando a convivência deixa de ser fonte de bem-estar.
Deste modo, a família vê reduzida a sua importância como Instituição, assente na dimensão jurídica dos vínculos familiares. Com a crescente inserção da mulher no mercado de trabalho, a sua dedicação às tarefas domésticas diminuiu e a educação dos filhos assumiu uma preponderância equitativa para ambos os progenitores.
Por sua vez, os vínculos de pertença que ligam os pais aos filhos e vice-versa tendem a enfraquecer. Por exemplo, nos últimos anos assistiu-se a um aumento dos atos de violência entre pais e filhos, antevendo assim a clivagem existente entre estas duas gerações.
Em suma, num ambiente de profundas mudanças que se refletem na família, esta é impulsionada a uma permanente ressignificação e reintegração dos elementos que dela fazem parte, também estes em constante readaptação.
Num mês da família como o que nos encontramos, importa refletir no valor transversal às diferentes estruturas familiares: o Amor. Baseando-se neste valor, mesmo perante as diversas (re)organizações e dinâmicas associadas à família, que a interação entre os elementos que a constituem continue a ser sustentada no amor, no respeito e na tolerância intergeracional.
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