Novembro é um mês em que, por questões religiosas e culturais, o tema da morte está mais presente. As crianças não ficam indiferentes a esta temática e o acesso aos conteúdos de informação – nem sempre da forma mais adequada – é cada vez maior.
A morte é uma fase do ciclo de vida e negar-se a falar sobre ela, sobretudo quando questionada pelas crianças, é uma opção arriscada e desaconselhável. antes de tudo, a abordagem do tema deve assentar na verdade, da forma mais natural possível, sem eufemismos.
Muitos pais tendem a ocultar ou disfarçar o tema, numa tentativa de proteger as crianças do sofrimento.
O recurso a eufemismos como “a avó agora é uma estrelinha”, “foi ajudar Jesús”, “foi fazer uma viagem”, cria expectativas e sentimentos contraditórios nas crianças de que a pessoa poderá voltar.
O procedimento mais adequado é utilizar exemplos concretos – tal como acontece com a planta que nasce, cresce e depois morre – fazendo-o, no entanto, com delicadeza e subtileza.
Os pais devem clarificar à criança o que realmente aconteceu e explicar que a pessoa não vai voltar. Nesta fase é muito importante disponibilizar-se para a criança, no sentido de lhe dizer que, por esse motivo, é natural sentir-se triste e chateada e querer chorar.
O facto de os adultos terem, também, dificuldade em lidar com a morte e, ao não expressarem os próprios sentimentos perante a criança para querer protegê-la, é prejudicial para a própria, fazendo com que ela não tenha a oportunidade de fazer o seu próprio luto.
Todos os elementos têm o seu processo de luto, incluindo a própria criança e se esta não souber o que se passa, sente ansiedade no cunho familiar e sentir-se-á confusa.
A criança precisa de viver o luto para aceitar que a perda aconteceu. Ao não expor a criança à verdade, esta pode perder a confiança de quem tentou protegê-la. Além disso, o raciocínio da criança ainda faz com que esta acredite no que fantasiou, como verdadeiro, sendo o mais importante, o acolhimento e o suporte disponibilizado, respondendo às suas necessidades emocionais.
O uso da literatura infantil para abordar o tema da morte com a criança é uma boa estratégia. A título de exemplo, apresentam-se alguns livros que servem de introdução para o tratamento do tema:
“Uma Luz no meio de nós. As crianças e os adolescentes perante a morte” (Assírio & Alvim, 2010).
“Um gato tem 7 vidas” (Porto Editora, 2017).
“A preciosa pergunta da pata” (Brinque-Book, 2009).
“A morte explicada aos mais novos” (Booksmile, 2020).
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