A pandemia, a consequente utilização (desmedida) dos ecrãs, o medo contínuo durante, pelo menos, dois anos e antes disso, a sobrestimulação a que as crianças estão sujeitas refletem-se na sua capacidade de concentração, sobretudo em atividades escolares.
É cada vez mais significativo o número de crianças agitadas, desmotivadas e que podem ir desde o “distraído” até ao diagnosticado com Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA).
Antes de mais, é essencial conhecer a origem das dificuldades, as causas e os sintomas associados. E quanto mais cedo melhor! Desta forma, é possível adequar uma resposta mais eficaz às suas necessidades.
Independentemente do grau de expressão, sob o ponto de vista da prevenção primária e secundária e promoção da concentração, os pais/educadores devem assegurar determinados procedimentos, apresentados em seguida.
1. Cuidar da saúde da criança. Quanto maior for o bem-estar físico e psicológico da criança, melhor o seu desempenho cognitivo e a sua capacidade de concentração. Por isso, assegurar a promoção de hábitos de vida saudáveis (alimentação saudável, descanso, prática de exercício físico, realização de atividades promotoras de bem-estar) é essencial para promoção da concentração da criança.
2. Definir e assegurar o cumprimento de uma rotina. Os pais educam pelo exemplo e se as crianças estiverem inseridas num meio onde se expresse a desorganização, o stress permanente e a hiperestimulação, têm maior dificuldade em adquirir ou manter o foco e a concentração. As crianças devem estar inseridas num contexto onde sejam estabelecidas regras claras, com horários de lazer e estudo. Em casa é importante definir um espaço adequado às atividades escolares, bem iluminado e longe de elementos distrativos (televisão, telemóvel…).
3. Oferecer períodos de descanso. Contrariamente ao definido atualmente pelo calendário escolar, é fundamental que a criança usufrua de uma pausa de 10 minutos, por cada hora letiva/de estudo, no máximo. De um modo geral, a capacidade de concentração de uma criança é de 25 minutos e a partir daí facilmente se distrai e, consequentemente, desmotiva no processo de aprendizagem.
4. Valorizar os comportamentos positivos. Reforçar positivamente o esforço despendido para atingir um determinado objetivo, mesmo que não o tenha alcançado, permite que a criança desenvolva as suas autoestima e autoconfiança e assim consolide a sua capacidade executiva, sobretudo a sua concentração.
5. Ajudar a descobrir os pontos fortes, não destacando, apenas, os desafios a atingir. Desta forma, a criança consegue mais facilmente identificar quais as atividades onde é mais forte. Por sua vez, ao compreender aquilo em que é boa, cria autoconfiança e ajuda-a a manter-se motivada quando as coisas se tornam mais difíceis.
6. Limitar as instruções. Para uma criança com dificuldades de concentração é complicado ouvir, recordar e executar várias tarefas que lhe são pedidas ao mesmo tempo. Esta também é uma oportunidade para ajudá-la a priorizar as tarefas por ordem de importância e urgência. Por exemplo, quando a criança está muito cansada atribuir-lhe responsabilidades menos exigentes e vice-versa e quando ela manifestar maiores índices de concentração deve começar-se pelas atividades mais difíceis.
7. Recorrer a jogos didáticos para estimular a criatividade, o raciocínio e a capacidade de concentração da criança. Por exemplo, quebra-cabeças, jogo da memória, sopa de letras e leitura de contos.
8. Meditar é uma excelente estratégia redutora de stress, ansiedade, depressão e melhoria da concentração.
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