A mentira, seja maior ou mais pequena, mais ou menos inocente, não deixa de ser uma mentira. Este é um procedimento transversal à maioria das crianças.
Expressões como “Não fui eu…”, “A culpa não é minha…” ou “Eu não sei de nada…” são familiares em todos os lares onde vivam crianças.
Mentir é um procedimento integrado no normal desenvolvimento da criança, em parte devido à sua grande capacidade de imaginação. Por volta dos 3 anos, as crianças criam histórias e aventuras, confundindo fantasia com realidade. Mas com o desenvolvimento cognitivo e social, com 10 anos de idade, já há noção clara do que é mentir e as mentiras tornam-se mais elaboradas, sendo, por isso, necessário que os adultos saibam lidar com elas.
As pequenas mentiras são normais e inofensivas, mas quando se tornam constantes sobre o mesmo tema (escola, grupo de amigos, consumos de substâncias) devem ser confrontadas. Nestes casos, os pais devem procurar conhecer o contexto e o motivo das mentiras dos filhos. Por exemplo, devem perceber se as crianças mentem em casa ou também na escola, se o fazem com adultos ou também com colegas, qual o teor das mentiras, etc..
Neste contexto, a Psicóloga Ana Graça apresenta algumas dicas para os pais utilizarem e ajudarem os seus filhos:
1. Ter atenção ao comportamento dos adultos que rodeiam os seus filhos. As crianças aprendem com o exemplo e a mentira pode ser um desses comportamentos de modelagem.
2. Perceber porque o filho tem necessidade de mentir. Na maioria das vezes, as crianças mentem por impulso, por recearem desiludir os outros ou pelo receio das consequências (negativas) por determinada ação menos boa que tenham cometido.
3. Manter a calma perante uma mentira, não gritando ou castigando a criança. Esta deve ser encarada como um momento de aprendizagem e por isso deve ser acolhida de forma serena e assertiva, geradora de um momento de diálogo com a criança. Quando os pais dão à mentira uma reação exagerada, gera medo nas crianças e a probabilidade de mentirem na próxima vez é maior.
4. Elogiar a criança sempre que esta admita que agiu mal, pela coragem demonstrada em assumir as próprias “falhas”.
5. Ser honesto com as crianças. Por exemplo se prometeu um momento de brincadeira ao final do dia, cumprir a promessa. As crianças estão muito atentas às incongruências dos adultos.
6. Promover um clima de confiança em casa deixando claro às crianças a possibilidade de partilharem com os pais tudo o que também as inquieta ou tenham feito menos bem, assegurando ser mais benéfica a verdade do que a mentira, em qualquer situação.
7. Conquistar e ser digno da confiança dos filhos, não invadindo o seu espaço e a sua privacidade. Os filhos são filhos e não propriedade dos pais.
8. Recorrer a ajuda especializada quando as mentiras são recorrentes e como estratégia para lidar com as exigências dos pais e dos professores.
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