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Foto do escritorAlexandra Gomes

Quando os adultos veem um comportamento a evitar, as crianças veem uma habilidade a adquirir


A parentalidade traz consigo momentos maravilhosos, mas também desafios que representam oportunidades de aprendizagem parental.


Um desses desafios é empatizar com as crianças, compreendendo como funciona o seu cérebro. Há momentos em que os filhos fazem algo que para os pais “não faz sentido”, podendo ser gerador de desentendimentos e conflitos. No entanto, os pais devem ver as coisas do ponto de vista dos filhos e ter bem presente que estes não têm determinados comportamentos para aborrecê-los, mas sim porque para eles são uma oportunidade de aprendizagem e evolução.


Por exemplo, chegará o dia em que os filhos começam a fazer coisas sem quererem a ajuda dos pais, autonomamente. E isso é maravilhoso pois até aí estiveram atentos – mesmo sem os pais se aperceberem – à forma como estes o faziam e começaram a ter iniciativa para fazerem as coisas por si próprios.


Inicialmente, os pais têm alguma dificuldade em percepcionar dessa forma, até porque a sede de autonomia dos mais pequenos muitas vezes implica desarrumação, alguma sujidade e “arte abstrata” pelas paredes da casa.


Do ponto de vista dos pais, estes momentos são caóticos, provocatórios, indicadores de desordem e stressantes; do ponto de vista das crianças são uma oportunidade de criação, através das paredes monocromáticas à espera de serem decoradas. Na hora das refeições, onde os pais veem sujidade na roupa dos pequenos, estes vêm uma grande oportunidade para comerem sozinhos; onde os pais veem colunas de roupa desarrumada e fora do lugar, os filhos vêm uma boa oportunidade para escolhê-las e vesti-las sem ajuda; onde os pais veem pasta dos dentes espalhada pelo lavatório, os filhos veem a sua capacidade de lavarem os dentes sozinhos. Quando se encontra água virada no chão, os pequenos veem a sua conquista em se servirem sem ajuda. Quando os pais encontram o pacote de toalhitas húmidas vazio, os filhos espelham a sua vontade em ajudar a limpar os móveis. Se os pais veem roupa para lavar ao longo do corredor, os filhos têm intenção de ajudá-los a separar essa roupa para lavar.


Há inúmeros exemplos de ações que, aos olhos de uns são desastrosas, mas aos olhos dos seus autores representam uma oportunidade de ajuda, criação e presença.


O que fazer perante esta divergência perceptiva?


A resposta está no meio termo. Deve ser dada autonomia e espaço aos filhos para que comecem a experimentar a fazer as coisas por si próprios, senão como irão aprender a fazê-las?


Claro que as primeiras vezes serão mais desregradas e o primeiro impulso será corrigi-las e fazer por eles. Mas os pais devem controlar estes impulsos e permitir que os filhos se equivoquem. Desta forma estão a dar-lhes oportunidade para fazer as coisas e compreender que não as farão bem à primeira, à segunda ou até à terceira e está tudo bem. E, nestes momentos, as oportunidades de aprendizagem são também para os pais, já que ao permitirem que os filhos experimentem e evoluam, também trabalham a sua tolerância e confiança nos filhos. Além disso manifestam o reconhecimento do esforço dos seus filhos e ensinam-lhes características como a persistência e a resiliência.




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