É muito frequente ouvir os pais, em tom de desabafo, sobre as inúmeras vezes que têm de repetir tudo uma e outra vez, perante a indiferença dos filhos.
Mas, será que os filhos realmente ignoram os pais?
A resposta não é linear pois são vários os fatores que condicionam a forma como os pais comunicam com os filhos, para além do interesse que estes têm no que os pais querem/tentam comunicar.
Os motivos de repetição dos pais, comummente passam por pedidos em tomar banho, vestir-se, lavar os dentes, preparar a mochila, entre outros. Perante as repetições permanentes, o que pais e filhos ganham é exaustão e frustração parental e, consequentemente autoritarismo para com os filhos.
Então, o que fazer?
Antes de mais, não há espaço para culpabilizações, na medida em que estas repetições em vão são muito frequentes, entre os pais e em nada reflete uma frágil parentalidade.
No entanto, alguns procedimentos podem ser adotados pelos pais e sistematizados, de forma a passaram a ser escutados e considerados pelos filhos. Estes são:
1. Deixar de repetir. Segundo Einstein “Se queres que aconteçam coisas diferentes, muda também como as fazes”. Após várias repetições, as palavras ficam desprovidas de significado e qualquer efeito, pela banalização que passam a ter. Assim, os pais devem dizer apenas uma vez.
2. Utilizar uma linguagem simples e compreensível. Abandonar as longas explicações e justificações para fundamentar o pedido. “Descomplicar” é a chave para que as crianças apreendam o que lhes é pedido. Assim, basta descrever o que querem, o que é esperado que façam, da forma mais simples possível, adotando frases curtas e de fácil compreensão, tendo o cuidado de adaptar a linguagem à sua idade e compreensão. As explicações, devem deixar para depois.
3. Não ameaçar ou gritar às crianças, sobretudo quando estão cansados e frustrados de repetir tantas vezes o mesmo. Ainda que seja desafiante cumprir este ponto é algo que os pais devem estar sempre conscientes por cumprir. É nestes momentos que estes devem ter mais paciência e entender que com gritos não alcançarão nada. Ao alterar o tom de voz ou ameaçar os filhos para que façam algo, os pais estão a educar por medo e não por respeito.
4. Manter o contacto visual e a atenção da criança na hora do solicitado. Para além de se assegurarem da utilização de frases curtas e claras, os pais devem manter o contacto visual, transmitindo aos filhos que também os escutam e compreendem a informação.
5. Educar pelo exemplo. A educação é mais efetiva pelo exemplo do que pelo discurso. Para tal deve haver coerência na educação dos pais e do seu modo de vida. Por exemplo, se querem que os filhos façam as suas camas, os pais devem assegurar que a sua cama também está feita. Pode ser necessário, inicialmente ajudar os filhos a fazerem, servindo de modelos de realização da tarefa.
6. Confirmar que a mensagem foi recebida e compreendida. Realizado o pedido ou transmitida a mensagem é importante, para que as crianças possam afirmar/confirmar que vão realizar a tarefa em questão. Assim, os pais asseguram-se da receção da mensagem e não têm de a repetir vezes e vezes.
7. Amar e respeitar: elementos-chave. Todos estes procedimentos devem ser feitos com amor e respeito, felicitando e reconhecendo quando faz as coisas da forma como os pais esperavam que fizesse.
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