A importância da regulação emocional na escola
- Viviana Marinho
- há 3 dias
- 3 min de leitura
A escola é um espaço privilegiado para o desenvolvimento integral das crianças, incluindo a dimensão emocional. Aprender a reconhecer, compreender e regular as emoções é essencial para o bem-estar, para a convivência e para a aprendizagem. No entanto, muitas crianças chegam ao ambiente escolar com dificuldades em lidar com frustrações, mudanças de rotina ou conflitos interpessoais. Aqui, entra o papel fundamental da educação emocional.
A regulação emocional não acontece de forma espontânea: é aprendida e treinada ao longo da vida, especialmente quando é promovida intencionalmente pelos adultos de referência. Neste sentido, os profissionais da educação têm um papel determinante na modelagem, ensino e facilitação de estratégias de autorregulação.
O que é a regulação emocional?
Regulação emocional é a capacidade de gerir as próprias emoções de forma adequada ao contexto. Não significa “não sentir”, mas sim reconhecer o que se sente, dar nome às emoções, expressá-las de forma segura e encontrar formas construtivas de lidar com elas.
Algumas competências associadas à regulação emocional são:
Identificação de emoções;
Auto-monitorização e auto-reflexão;
Controlo de impulsos;
Tolerância à frustração;
Capacidade de pedir ajuda.
Técnicas práticas de regulação emocional na escola
Abaixo estão algumas estratégias eficazes que podem ser integradas de forma simples e regular na rotina escolar:
1. Roda das Emoções
Utiliza cartões ou imagens com expressões faciais e nomes de emoções. No início do dia, cada criança escolhe uma emoção que representa como se sente. Esta prática promove a consciência emocional e estimula a linguagem emocional.
2. Cantos de calma ou “espaços de pausa”
Criar um local tranquilo na sala, com materiais sensoriais, livros, almofadas ou fantoches. Este espaço serve para que a criança possa retirar-se temporariamente e regular-se quando se sente sobrecarregada, com supervisão.
3. Respiração consciente
Exercícios simples de respiração ajudam a recentrar o corpo e acalmar o sistema nervoso. Exemplos:
Respiração da flor (inspirar como se cheirasse uma flor, expirar como se soprasse uma vela);
Contar até 4 (inspirar em 4 tempos, expirar em 4 tempos).
Estes exercícios podem ser feitos em grupo, em momentos de transição ou após atividades mais intensas.
4. Histórias e metáforas emocionais
Contar histórias que abordem emoções ajuda a criança a identificar-se com os personagens e a refletir sobre formas de lidar com diferentes sentimentos. São ideais para rodas de conversa ou momentos de leitura partilhada.
5. Movimento e descarga física
Atividades de movimento, como dança livre, yoga infantil ou jogos motores, permitem libertar tensões acumuladas e ajudam na autorregulação do corpo e das emoções.
6. Técnicas de imaginação guiada
Pequenos exercícios de visualização, como “viajar até um lugar seguro” ou “imaginar uma bolha protetora”, são formas eficazes de acalmar a mente e estimular o foco.
7. Diário emocional ou registos visuais
As crianças mais velhas podem usar diários para desenhar ou escrever sobre o que sentem. No pré-escolar, podem usar quadros visuais de estados emocionais, com emojis ou cores associadas a diferentes sentimentos.
Papel do adulto na regulação emocional
Mais do que ensinar técnicas, é fundamental que o adulto seja um modelo de regulação emocional. Quando os profissionais:
falam sobre as próprias emoções de forma saudável;
validam os sentimentos da criança;
e acompanham o processo de regulação com empatia, estão a criar um clima emocional seguro e favorável à aprendizagem socioemocional.
“Ensinar uma criança a reconhecer e regular as suas emoções é dar-lhe uma bússola para toda a vida — e a escola é o lugar onde essa jornada pode começar com segurança, afeto e intenção.”
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