A escola de hoje é habitada por alunos que, ou dizem estar “cansados” ou sentem-se “desmotivados”.
A questão do cansaço e da desmotivação entre os alunos da atualidade é um tema amplamente discutido, especialmente após a pandemia de COVID-19, significativamente impactante na educação em todo o mundo. Embora ambos os sentimentos possam existir, é importante entender as causas subjacentes para poder diferenciá-los e tratá-los adequadamente.
O cansaço dos alunos está relacionado com uma sobrecarga física e mental, pois muitos enfrentam uma combinação de fatores que contribuem para tal estado, entre eles:
Excesso de tarefas: as agendas lotadas, incluindo a escola, atividades extracurriculares, os trabalhos e as obrigações familiares levam à exaustão dos jovens.
Uso excessivo da tecnologia: a dependência de dispositivos eletrónicos, especialmente durante as aulas online, causa fadiga visual e mental, sendo o "cansaço digital" uma realidade para muitos.
Falta de sono: o uso prolongado dos dispositivos eletrónicos, seja pelo uso das redes sociais, seja pelos jogos, muitas vezes, prejudica a qualidade do sono dos alunos, levando a uma sensação de permanente cansaço.
Stresse e ansiedade: a pressão académica, social e familiar gera, também, cansaço emocional, o que afeta diretamente a capacidade de concentração e aprendizagem.
Já a desmotivação é um estado mais emocional e psicológico, no qual o aluno perde o interesse ou o sentido de propósito pelas atividades académicas. Alguns dos fatores que podem causar esta sensação passam pelos seguintes:
Falta de conexão com o conteúdo: quando o aluno não consegue ver a relevância do que está a ser ensinado, ele perde o interesse nas aulas e a aprendizagem fica comprometida.
Ambiente escolar desmotivante: quando a cultura escolar prioriza o resultado em detrimento da aprendizagem ou não proporciona um espaço para a criatividade e para a participação ativa, desmotiva o aluno.
Falta de suporte emocional: a ausência de um sistema de apoio na escola e/ou em casa faz com que o aluno se sinta desamparado e desmotivado.
Dificuldades de aprendizagem: problemas como dislexia ou déficit de atenção, se não diagnosticados e trabalhados, fazem com que o aluno se sinta incapaz e menosprezado, gerando desmotivação.
A pandemia exacerbou muitos destes fatores. A transição abrupta para o ensino on-line trouxe desafios como a falta de interação social, o aumento do isolamento e, em muitos casos, a dificuldade de acesso à tecnologia. Muitos alunos regressaram às aulas presenciais sem a mesma motivação ou com um sentido de desconexão ainda maior.
Para tentar contornar esta lacuna na educação e na prática pedagógica, os educadores assumem um papel primordial, através de algumas atitudes, como:
1. Promover o bem-estar: incentivar práticas de autocuidado, descanso e gestão do tempo para ajudar a combater o cansaço.
2. Tornar o conteúdo mais relevante: implementar estratégias de motivação que conectem os conteúdos programáticos com a realidade dos alunos.
3. Oferecer apoio emocional: criar espaços e redes de diálogo onde os alunos possam expressar as suas dificuldades e ansiedades para, assim, resgatar a motivação.
4. Flexibilizar o ensino: disponibilizar diversos métodos de aprendizagem e adaptar as aulas às necessidades individuais pode ser uma forma eficaz de reduzir a desmotivação.
Este cansaço e a desmotivação entre os alunos requer uma abordagem coletiva que envolva, não apenas professores, mas também pais, gestores escolares e a própria sociedade.
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