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O Desenvolvimento da Empatia e do Comportamento Prossocial: Alicerces da Competência Moral e Social

  • Foto do escritor: Viviana Marinho
    Viviana Marinho
  • 7 de nov.
  • 3 min de leitura

A Empatia como Base da Conexão Humana

O desenvolvimento social e moral de um indivíduo depende intrinsecamente da capacidade de se relacionar com o sofrimento e a alegria alheios. A Empatia – a capacidade de compreender e partilhar os sentimentos de outra pessoa – é o pré-requisito fundamental para a manifestação do Comportamento Prossocial, que engloba todas as ações voluntárias destinadas a beneficiar outrem (ajuda, partilha, conforto, cooperação).


Estes dois construtos são pilares da competência social e da cidadania ativa. A sua promoção nas primeiras fases do desenvolvimento é vital para a criação de ambientes familiares e comunitários mais coesos e menos propensos à agressão ou ao individualismo.


I. As Raízes da Empatia: Cognição e Afeto

A empatia é um fenómeno de dupla dimensão que evolui ao longo do desenvolvimento:


  1. Empatia Afetiva: É a capacidade de sentir, de forma vicária, a emoção de outra pessoa. Nasce no bebé como contágio emocional (chora-se quando outro bebé chora) e evolui para a preocupação empática, que motiva o desejo de aliviar o sofrimento alheio.

  2. Empatia Cognitiva: É a capacidade de entender a perspetiva, as crenças e as intenções de outra pessoa. É a compreensão de “porquê” o outro sente o que sente, o que permite uma resposta de ajuda mais adequada e direcionada.


O desenvolvimento saudável da empatia requer que o indivíduo seja capaz de distinguir o seu próprio sofrimento do sofrimento do outro, evitando a sobrecarga emocional que pode levar ao stress pessoal e, ironicamente, ao comportamento de fuga ou negligência.

II. A Transição da Empatia para o Comportamento Prossocial

A empatia é um motor, mas não garante a ação. A passagem da compreensão emocional para o ato de ajudar (comportamento prossocial) é mediada por vários fatores:


  • Responsabilidade Pessoal: O indivíduo tem de sentir que a situação está sob a sua alçada ou que é seu dever intervir.

  • Competência e Autoeficácia: Sentir-se capaz de prestar ajuda (seja ela física, emocional ou informativa). Se a criança não se sentir capaz de confortar o colega, tenderá a afastar-se.

  • Normas e Reforço Social: O ambiente (escola, família) deve valorizar e reforçar positivamente os atos de bondade, ensinando que o comportamento prossocial é uma norma esperada.


Um dos comportamentos prossociais mais relevantes é o Altruísmo, que se define como o ato de ajuda realizado sem expectativa de recompensa ou benefício próprio, sendo puramente motivado pela preocupação com o bem-estar do outro.


III. Estratégias de Promoção e Intervenção

A empatia e o comportamento prossocial podem e devem ser ensinados de forma sistemática:


  1. Narração de Histórias e Discussão Moral

    • Utilizar histórias, literatura e dilemas morais para convidar as crianças a refletir sobre os sentimentos e as intenções das personagens. Perguntar: "Como achas que ele se sentiu? O que farias no lugar dele?" Isto estimula a tomada de perspetiva (Empatia Cognitiva).

  2. Modelo e Instrução Explícita

    • Os pais e educadores devem modelar a empatia, nomeando os sentimentos dos outros ("O teu colega está triste porque perdeu o brinquedo") e demonstrando ajuda e generosidade no dia a dia.

    • Instruir explicitamente sobre as forma de ajuda: "Quando vês alguém a chorar, podes perguntar se precisa de um abraço ou de ajuda para resolver o problema."

  3. Atividades Cooperativas

    • Promover jogos e tarefas que exijam cooperação mútua e dependência de papéis (onde o sucesso individual depende do sucesso do grupo), em detrimento de atividades puramente competitivas.


Um Investimento no Capital Social

O desenvolvimento da empatia e do comportamento prossocial é mais do que uma competência individual, é um investimento no capital social da comunidade. Ao nutrir a capacidade das crianças de se ligarem genuinamente aos outros e de agirem em seu benefício, estamos a formar indivíduos moralmente competentes, capazes de construir relações saudáveis, de mitigar o bullying e de sustentar uma sociedade mais ética e colaborativa.

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