A Tempestade da Raiva: Como lidar com as minhas emoções e as do meu filho com consciência

Todos nascemos com um leque de emoções básicas: alegria, surpresa, medo, raiva, aversão. Com o nosso desenvolvimento vamos tendo diferentes experiências e as emoções vão tornando-se mais complexas e ajustadas. Contudo, nem sempre temos a possibilidade de nos ensinarem a lidar com a emoções e quando vivenciamos muitas situações podemos ficar assoberbados. O que acaba por acontecer em muitos destes casos é que a raiva acaba por se sobressair. 

A raiva é uma emoção poderosa, avassaladora, e quando explode no nosso filho ou em nós, pode ser um verdadeiro desafio. A raiva pode manifestar-se de muitas formas, nas crianças muitas vezes manifesta-se através de gritos, pontapés, partir objetos, entre outros comportamentos. Enquanto pais, educadores ou professores, ver estas manifestações de raiva pode ser frustrante e sentimos a paciência a esgotar-se rapidamente. É talvez uma das "dores" mais intensas da parentalidade.

Comportamento gera comportamento e o que acaba por vezes por acontecer é que os adultos, face a uma situação tão stressante acabam por reagir da mesma forma. Ora, gera-se uma grande tempestade emocional. Algo que não é desejável.

Fica então a questão: como podemos, de forma consciente e eficaz aprender a lidar e gerir estas tempestades emocionais?

Antes de mais é importante esclarecer que a raiva não é por si só "má". Necessitamos de experienciar todas as emoções e a manifestação desta emoção revela que algo não está bem, que é necessário corrigir, uma necessidade que não foi atendida ou um limite que foi ultrapassado. 

Alguns exemplos do que pode originar a raiva, principalmente mas crianças: 

• Cansaço, fome, sobrecarga

• Frustração

• Medo ou insegurança

• Modelagem, ou seja, ver esse tipo de comportamentos nos adultos e imitar.

Como referido anteriormente, ajudar a criança a gerir a raiva e lidar com a nossa própria raiva é complexo. É um processo complexo e que demora tempo, mas é possível, com esforço e dedicação.  Algumas das possíveis estratégias são:

• Manter a calma, a nossa primeiro! Este é o primeiro passo e possivelmente o mais difícil. Respirar fundo, afastar-se se precisar uns segundos. Se não conseguir gerir a sua raiva, a raiva da criança vai aumentar. 

• É importante que ensine à criança estratégias para se acalmar. Claro que vai depender da idade, mas é possível, sendo ajustado.  Algumas das estratégias passam por: ajudá-lo a respirar como mais calma (existem bastantes exercícios de inteligência emocional com este propósito); incentivar a criança a estar num canto parada por alguns minutos; ou fazer o oposto, pedir-lhe para correr, saltar de forma a libertar a energia; aos mais criativos podemos pedir para desenhar a raiva ou outro exercício similar.

• Validar a emoção que a criança está a sentir e não o comportamento. É bastante importante que a criança entenda que pode sentir raiva, frustração. Mas que, por exemplo, não é aceitável partir objetos, bater ou gritar.

• Quando a criança começa a ficar mais calma é importante explorar a origem da causa e refletirem sobre o assunto para evitar que volte a passar no mesmo no futuro;

• Focar a criança na consequência e não na punição. É importante trabalhar a responsabilização.

• Apoiar e não criticar. Após passar toda a turbulência é importante mostrar à criança que está feliz por estar mais calma.

A ideia não é a criança deixar de sentir raiva, senti-la faz parte da experiência humana. A ideia é ajudar a criança a lidar com ela. Na parentalidade consciente, não a vemos como um inimigo a ser suprimido, mas como uma emoção a ser compreendida, validada e, finalmente, guiada. Ao ajudarmos as crianças a lidarem com as emoções estamos a dar-lhes ferramentas mais valiosas para a vida. 

Pense nisso, quando estiver calmo.