Tal como os adultos, e sendo inerente a todos os seres vivos, a “perda”, de algo ou alguém importante, é inevitável.
Dependendo da dimensão da perda, construir algo depois do fim, parece ser uma tarefa desafiante e cada um tem de a realizar por si próprio. Porém, cabe aos adultos ajudar as crianças a lidar com a perda.
Antes de mais, é importante que estes se abstenham de tentar proteger as crianças do sentimento de perda pois, mais cedo ou mais tarde, essa dor acabará por chegar. Por isso, é essencial para as crianças irem assumindo e integrando pequenas perdas, tais como emprestar o seu brinquedo preferido, não ir a uma festa de aniversário de um amigo porque ficou doente ou mudar de casa onde sempre viveu.
Independentemente da perda, o significado subjacente é o de que algo se tornou ausente. Nestes momentos, os adultos devem mostrar às crianças que tudo na natureza tem os seus ciclos e a perda não significa ausência, mas transformação, metaforizando, por exemplo, com o ciclo de vida da borboleta.
A tristeza é a expressão emocional da dor da perda pois sente-se que, algo que fazia parte da vida foi-lhe retirado, ativando um sentimento de vazio. Nestas situações, é importante que, sobretudo os pais, não se deixem assustar pela tristeza dos filhos. Aqui, os adultos devem ter a capacidade de acolher a tristeza da criança e empatizar com ela, para que esta possa aceitar a realidade da perda e encontrar o seu próprio caminho.
Tolerar a tristeza não significa alimentá-la, mas dar-lhe espaço para de expressar, optando por afirmar que vê que a criança está triste, que é normal e que não vai ser sempre assim. Estes momentos são também boas oportunidades para o adulto recordar coisas boas que aconteceram com as crianças, depois delas perderem algo ou alguém importante para si. Coisas boas continuam a acontecer, desde que não se fechem à vida e se permitam surpreender.
A criança deve ser, desde cedo, encorajada a partilhar a sua dor e não a guardar dentro de si, exprimindo a dor através do choro, de desenhos, de construções…
Outra forma de ajudar a criança na sua perda é fazer algum tipo de ritual para a ajudar a processar e aceitar a nova realidade (por exemplo quando morre um animal de estimação).
O que se perde não desaparece, faz parte da vida e de quem se é. Ao adulto cabe, “apenas” manter-se atento e presente, sobretudo quando a perda é partilhada com a criança (na perda de um avô, da mãe ou do pai).
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