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Comportamento como forma de comunicação: o que as palavras não dizem

  • Foto do escritor: Viviana Marinho
    Viviana Marinho
  • 3 de out.
  • 2 min de leitura

O ser humano comunica de inúmeras formas, e a linguagem verbal é apenas uma delas. Para psicopedagogos, educadores e todos os que trabalham com o desenvolvimento humano, é essencial compreender que o comportamento é uma das formas de comunicação mais honestas e poderosas que existem. Quando alguém não consegue expressar verbalmente uma necessidade, uma dor ou uma emoção, fá-lo através das suas ações.


Descodificar a mensagem subjacente

O comportamento, sobretudo aquele que consideramos "desadequado" ou disruptivo (como a agressividade, o isolamento, a birra persistente ou a resistência), nunca é aleatório. É, na verdade, um sinal ou um pedido de ajuda que precisa de ser descodificado.

Em vez de perguntarmos: "Porque é que ele está a fazer isto?", devemos perguntar: "O que é que este comportamento me está a tentar dizer?"


O comportamento pode estar a comunicar:

  • Necessidade de Atenção: Uma criança que constantemente interrompe a aula pode estar a comunicar uma carência de atenção ou de validação por parte do adulto.

  • Frustração/Incompetência: Um jovem que evita ou destrói uma tarefa pode estar a comunicar que se sente frustrado, que não tem as ferramentas necessárias para a realizar ou que tem medo de falhar.

  • Exaustão/Sobrecarga: O isolamento ou a irritabilidade repentina podem ser o reflexo de cansaço excessivo, stress ou sobrecarga sensorial.

  • Necessidade de Controlo: Comportamentos de desafio podem ser uma forma de tentar readquirir o controlo numa situação onde se sentem impotentes ou negligenciados.


Mudar o foco do sintoma para a causa

A resposta instintiva a um comportamento problemático é muitas vezes tentar eliminá-lo através da punição ou do castigo. Contudo, se o comportamento é uma forma de comunicação, punir a ação é como tapar a boca a quem está a tentar falar. A mensagem subjacente não é resolvida, apenas fica mais escondida, tendendo a emergir mais tarde sob uma forma ainda mais intensa ou diferente.

A verdadeira intervenção exige um foco na função do comportamento. É necessário investigar o que acontece antes (o gatilho) e depois (a consequência) da ação, para perceber qual é o benefício que o indivíduo está a obter (seja atenção, fuga a uma tarefa, ou satisfação de uma necessidade sensorial).


Estratégias para uma comunicação eficaz

Para responder ao comportamento como comunicação, é crucial que pais e educadores adotem uma postura de curiosidade e empatia em vez de frustração.

  1. Observação Atenta: Registar o contexto: Quando é que o comportamento acontece? Com quem? Onde?

  2. Validação Emocional: Em vez de ignorar ou reprimir, validar a emoção sentida, mesmo que a ação seja inaceitável. Por exemplo: "Percebo que estás zangado por não poderes jogar, mas não podes bater nos teus colegas."

  3. Ensino de Competências: Ensinar a forma verbalmente adequada para expressar a necessidade. Se a criança se atira para o chão por frustração, deve-se ensiná-la a dizer: "Estou frustrado(a) e preciso de uma pausa."

  4. Conexão Afetiva: Assegurar que as necessidades básicas de afeto e atenção estão satisfeitas de forma positiva, para que o indivíduo não precise de recorrer a comportamentos negativos para as conseguir.


Em suma, ao encararmos o comportamento como comunicação, deixamos de ver o indivíduo como "desobediente" ou "problemático" e passamos a vê-lo como alguém que precisa de ser ouvido e que necessita de ajuda para desenvolver melhores competências de comunicação e regulação emocional. É um passo fundamental para uma educação mais humana, inclusiva e eficaz.

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