No decorrer desta pandemia, ao contrário do que inicialmente aspirávamos e nos agarrávamos para tentar encontrar, desde o início, pontos positivos para o que se estava a passar, verifica-se que não nos tornámos mais pacientes, mais gentis, mais bondosos. Antes tornámo-nos intolerantes, irritáveis, sensíveis e desconfiados…. Afinal vivíamos (e ainda vivemos) sob o medo de tudo e de todos.
Esta tensão globalmente vivenciada repercutiu-se não só entre os adultos, mas também na parentalidade e, de certa forma, a violência tem sido vivenciada na relação entre pais e filhos. De facto, ainda se considera que “quando é necessário”, o castigo físico torna-se aceitável na educação. Afinal, uma “palmadinha nunca fez mal a ninguém”.
Ser pai e mãe a tempo inteiro foi dos maiores desafios desta pandemia, à medida que assumiram papéis que antes não escolheram desempenhar, como o papel de professor, educador, colega de escola….
Ainda que a suposta compreensão de tais comportamentos possa servir como autossabotagem para os pais não se sentirem culpabilizados por estas práticas educativas, o uso da violência física ou psicológica, serve para ensinar às crianças que é através da humilhação e da prepotência que se alcança o que se deseja. E o mais grave é que esta crença (limitadora) é transmitida de geração em geração, como de um princípio parental se tratasse; as crianças tendem a seguir os modelos de educação parental e, deste modo, reproduzem a violência na relação com os outros na família e noutros contextos, como a escola.
Sem se aperceberem, através deste modelo de educação, os pais promovem nos filhos uma baixa auto-estima e prejudicam a sua saúde física e emocional, o seu desenvolvimento cognitivo e o relacionamento que estabelecem com outras pessoas.
A boa notícia é que é possível os pais adotarem uma prática educativa mais saudável para o bem-estar físico, social, emocional, cognitivo e comportamental das crianças.
A educação sem violência promove o desenvolvimento de seres humanos não violentos e isso reflete-se em contextos como na escola. Através de práticas parentais não violentas, são ensinados às crianças, valores de não violência, gerando adultos emocionalmente saudáveis que transmitem aos seus filhos valores de não violência.
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