Não tão frequente, o encontro de gerações distantes entre si pode ser a manifestação de um Amor a Triplicar, pelas experiências vividas e o amor adquirido ao longo das três gerações.
Esta é a história do pequeno Pedro e dos seus bisavós Glória e António, que pode muito bem ser uma história real.
O pequeno Pedro cresceu com o privilégio de conhecer os seus bisavós. A bisavó Glória, sempre mais distante, embora atenta, era responsável pelas tarefas do lar. O bisavô António era mais disponível e que magníficas empatias tinham um com o outro!
Desde pequeno, a incessante lista de perguntas do Pedro suscitou a curiosidade e o entusiasmo do seu bisavô, provido da maior calma do mundo, que o estatuto da idade lhe permitia, passando longas e inesquecíveis tardes sentados no banco, junto à porta da cozinha. A paciência de quem não ia para novo contrastava com a inquietude na busca de respostas do pequeno Pedro.
O António era barbeiro, o que lhe gerava um importante estatuto na época, sinónimo de diálogos infindáveis com clientes, tornando a barbearia, uma espécie de “Loja Interativa das Novidades da Terra”.
Não havia tema não conversado entre o bisavô António e o pequeno Pedro. Os temas polémicos, como Política e Religião, estavam sempre em cima da mesa, numa espécie de revisão de atualidades. Da Reencarnação ao Estado Novo, tudo eram temas de conversa para debate, uns mais polémicos do que outros. E no calor do verão, que bem sabia estar naquele banquinho debaixo da ramada, de aroma intenso a vinho americano!
Por ser seu bisavô, o Pedro sentia que o seu amor triplicava na sua manifestação, através do cuidado no detalhe da partilha de temas, para si tão transcendentes como a Reencarnação. Conceito a conceito, o bisavô António revelava o significado de Alma,
Mundos Paralelos, Portais de Energia… Uma espécie de mística, dificilmente acolhida em plenos anos 80…
Ainda assim, tudo se encaixava: em cada encontro recapitulava-se o anterior, pois havia sempre muitas dúvidas para colocar...
Ao ponto da detalhada explicação da Reencarnação levar meses a clarificar!
Este encontro de gerações era tão rico que, mesmo a partilha das experiências de vida e a confissão dos “erros” que dizia ter cometido, eram seguidos da clássica expressão, “Agora que já sabes como as coisas são, tens obrigação de não cometer esse erro”, como que de uma responsabilização consciente se tratasse.
Foi com o bisavô António que o petiz aprendeu que “a idade está na nossa mente e não no nosso corpo”. Como barbeiro e já com mais de 80 anos, quando fazia domicílios dizia sempre, “Vou a casa de um velhote meu amigo”, observação que merecia a admiração do pequeno Pedro, pois esse seu amigo era 10 a 20 anos mais novo do que o António. Nessa altura havia uma certa dificuldade em compreender tal terminologia e hoje, volvidos mais de 30 anos, até já o próprio a utiliza.
Ao olhar para trás, como é possível ter aprendido tanto com alguém tão “antigo”? Ter adquirido uma sensibilidade enorme sobre a hoje denominada “Física Quântica”?
Gerações como a dos avós e bisavós são oportunidade de gratidão, pelos permanentes encontros de conhecimento manifestos através de um Amor a duplicar e a triplicar, sempre com justificações para todas as inquietudes dos petizes, sossegando com a mão no ombro e um enorme sorriso de Paz inabalável! Gratidão!
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