Uma das características que mais inquieta os pais é a dificuldade dos filhos crianças em lidarem com a frustração.
Sem saber bem como tudo começou, esta incapacidade parece ter advindo do fascínio dos pais pela facilidade com que as crianças lidam com os ecrãs, pela rapidez de resposta aos seus estímulos táteis, por proporcionar aos seus filhos todas as oportunidades e mais algumas, pelo cansaço de um final do dia que não tolera a insistências das crianças e opta por lhes dar o que querem, desculpando esta facilidade com um “é só desta vez…”.
Pois bem, “uma vez” atrás de “outra vez” gera comportamentos inadequados e exagerados e sem motivação racional, manifestos perante uma contrariedade. E assim surgem as conhecidas BIRRAS.
As birras são uma manifestação comportamental infantil desgastante e geradora de um sentimento de incapacidade emocional dos pais destas crianças.
As psicólogas Cátia Lopo e Sara Almeida, defendem que ensinar uma criança a tolerar a frustração perante uma contradição, um imprevisto ou uma perda é uma das aprendizagens mais profícuas que a criança pode ter. Quando a criança aprende a lidar com a frustração prepara-se para a adolescência, quando desenvolve as suas competências sociais, supera mais facilmente os desafios académicos e vê desenvolvida a sua resiliência no mercado de trabalho.
A capacidade em lidar com a frustração é uma habilidade emocional que deve ser ensinada à criança desde cedo para assim ser capaz de:
Aceitar que nem sempre é vencedora e continua competente;
Gerir emocionalmente as emoções negativas advindas da fragilidade, da derrota ou do imprevisto. A criança competente emocionalmente consegue identificar o que sente, compreender porque o sente e regular essas emoções para assegurar o seu bem-estar.
Ser resiliente após um momento de frustração, perceber o que falhou e mobilizar-se com a energia necessária para, numa próxima oportunidade, ter um melhor desempenho.
As frustrações irão sempre estar presentes na vida da criança e negá-las ou disfarçá-las aumenta a insatisfação pessoal ao longo da sua vida. À medida que a criança aprende a tolerar as frustrações, descobre mecanismos que a ajudam a encontrar outros caminhos, aceitando-os com caminhos adequados.
Neste processo, os pais têm um papel essencial como modelos de tolerância às suas frustrações e como educadores emocionais das suas crianças.
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