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Foto do escritorAlexandra Gomes

Gestos que inspiram e educam

Na infância, há gestos que inspiram e moldam o caráter de cada um, permanecendo mais ou menos latentes ao longo de toda a vida.


Desde pequeno, o Henrique ia para a Serra com o seu avô e aí, ambos partilhavam cumplicidades e histórias, em viagens no saudoso Fiat 147, que a todo o lado chegava, embora às vezes, à custa de algumas paragens para arrefecimento. Mas isso era irrelevante pois, o que realmente importava era a vontade de ir e contactar com as gentes da Serra, que tão bem sabiam acolher.


O pequeno Henrique, na altura com 6 anos de idade, tinha a benesse de, autonomamente, ir a pé, visitar a aldeia vizinha, a 4km de distância, sob o olhar atento do seu avô, nos primeiros 100 metros, mas sem nunca ouvir a habitual recomendação:

- O táxi sai às 17h! – com um tom de brincadeira a indicar que a tolerância e o respeito eram para ser cumpridos.


Efetivamente, em nenhuma ocasião, o petiz regressou depois as 16h, para que em caso algum pudesse perder essa maravilhosa sensação de liberdade por andar sozinho pela serra!


Estes eram privilégios quase impensáveis nos dias de hoje, mas perfeitamente ao alcance, nos anos 80 do século passado!

Nas suas visitas à Serra, à aldeia que tão bem conhecia, o Henrique levava sempre alguma coisa, tendo presentes as palavras do avô:

- Quando se vai a casa de alguém, leva-se sempre alguma coisa, em sinal de respeito e agradecimento pelo acolhimento.

Foi através das suas visitas, que o Henrique aprendeu que é possível viver-se bem com muito pouco, testemunhou a alegria de partilhar, sentiu a importância de ajudar nas tarefas, aprendeu sobre o respeito pelos animais e pelas plantas e descobriu o som do sussurro das aves e do murmúrio da água, desfrutando e contemplando cada tesouro que descobria e chegava até si!

Num desses dias, o pequeno Henrique levou uma oferenda diferente aos habitantes da aldeia: um rádio a pilhas!


Sim, naquela altura, a aldeia não tinha eletricidade e esse presente era digno de quem tão bem acolhia o pequeno!


Coube, então, ao Henrique, a tarefa de apresentar, pela primeira vez, uma telefonia, a qual inicialmente era acolhida sob olhares desconfiados, mas, aos poucos, uma espécie de magia renascia!


Estes eram pequenos gestos, mas com grandes detalhes, que representaram uma aprendizagem genuína, alicerçada em valores que anos mais tarde se mantêm no agora Sr. Henrique!


De facto, muitas das interações humanas passam despercebidas, mas quando algumas são valorizadas e tornadas mágicas, ficam como que gravadas no coração e na memória, na forma de pensar e de atuar.


Por isso, obrigada a todos os AVÓS que deixaram e ainda deixam magníficos legados no coração dos pequenos “Henriques” dos dias de hoje!

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