Ser pai é desafiante! Todos querem dar a melhor educação aos seus filhos, mas, por mais livros que leiam, por mais workshop’s que frequentem, os pais são, antes de mais, humanos!
E como humanos que são, sabem que não há pais perfeitos e que “errar é humano”. Por vezes, é inevitável que digam coisas menos felizes, com um impacto mais negativo nos seus filhos. Há aquelas “frases feitas”, as mesmas que ouviram em crianças, e que, sem que se apercebam, geram desmotivação nos filhos, afetando a sua autoestima e condicionando a relação entre si. A “boa notícia” é que, pela condição humana a que se submetem, todos são “perfeitamente imperfeitos” e quantos são os dias de cansaço, após um dia de trabalho, que tomam os pais, acrescido às birras dos filhos e às inúmeras tarefas que ainda há para fazer?
Segundo a Psicóloga María Rueda, a condição humana faz com que se cometam erros e isso é um sinal comum a todos. A nobreza de cada um é admitir que o fez e pedir desculpa às suas crianças. E dessa forma é dado um grande exemplo!
Baseado nesta premissa, o terapeuta Nuno Martins, apela para a necessidade dos pais evitarem utilizar algumas frases, na comunicação com os seus filhos.
“Se não fizeres o que te digo, ficas de castigo”. Desta forma, a educação é pautada pelo medo e pela intimidação e a ideia transmitida é que, para se conseguir o que se quer, deve recorrer-se à intimidação.
“Se te portares bem, compro-te…”. Esta frase remete para uma chantagem emocional desprovida de aprendizagem já que a criança é persuadida a fazer o que se pretende, não pela ação em si, mas para obter um fim.
“Não tens vergonha de te portares assim?”. Trata-se de uma expressão que nada acrescenta, a não ser vergonha sentida pela criança. Este sentimento é agudizado quando, frequentemente se ouvem pais a utilizarem esta expressão em frente a outras pessoas.
“Porta-te bem”. Esta é uma expressão comumente utilizada pelos pais quando deixam as suas crianças na escola ou noutro evento social. Ao dizê-lo parte-se do princípio que a criança comportar-se-á desadequadamente e, por isso, nada como avisar para, se necessário, no final, ser utilizada também a desadequada expressão “eu bem te avisei”.
“Fazes o que te mando e pronto!”. Qual devaneio não é o dos adultos, ao pensarem que são detentores da verdade absoluta. Quando a discussão chega a um ponto em que já estão cansados de argumentar, os pais, frequentemente, recorrem a esta célebre frase. O risco que se corre é de ser minada a relação com o filho, não lhes explicando, assertivamente e com parcas palavras, porque devem fazer o que lhes é pedido.
“Não chores…não é razão para isso”. O choro é uma expressão emocional tão natural da tristeza ou da raiva, como o riso é da alegria. Ao impedir essa expressão corre-se o risco de subvalorizar as emoções das crianças, gerando em si uma frustração que em nada contribui para a sua evolução.
“Deixa estar que eu faço”. Ou seja, “não és capaz de o fazer”. E assim se mina a confiança da criança e se castra a sua oportunidade de aprendizagem, tornando-a dependente e insegura.
“És má/mau…”. Ao dizer isto a uma criança está a ativar, na mesma, a crença “sou assim e não posso fazer nada para mudar”. Mais do que catalogar, há que explicar o que fez mal e o que pode fazer para conseguir um resultado mais positivo. É mais adequado substituir por expressões como “Não gostei do que fizeste…”. Desta forma, trata-se de um comportamento que, porque o é, é possível de ser modificado.
Estas entre outras expressões, quando conscientes do risco que geram, tendem a dissipar-te e são substituídas por outras expressões mais positivas e coerentes com um desenvolvimento emocional e pessoal saudável.
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