Somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o que temos.
(Eduardo Galeano)
Tal como em várias áreas de vida, em educação é preciso aprender a lidar com a frustração.
Ao longo da escolaridade, o aluno confronta-se com vários momentos de angústia, tristeza, alegria, entusiasmo e frustração.
Nestes momentos, saber regular essas emoções e particularmente “saber lidar com a frustração” é importante para não condicionar o rendimento académico.
Vivenciar o sentimento de frustração é uma oportunidade de crescimento pessoal e emocional. A frustração implica sofrimento, mas, como refere o pedagogo Renato Paivai, “é nos momentos de sofrimento e frustração que nos apercebemos da realidade… De expectativas demasiado altas ou demasiado baixas, de desempenhos distorcidos, de resultados camuflados…
Evitar perceber novas perspetivas e realidades não permite evoluir e crescer” (p.271).
Na dimensão educativa, aprender a lidar com a frustração implica a exposição a esta emoção, preferencialmente num ambiente forte e seguro, aprendendo que a frustração, embora implique sofrimento, é também a oportunidade de ser reorganizada e melhorada a própria realidade. Por outras palavras, mais importante que a queda é as crianças sentirem que ir-se-ão levantar mais fortes e, inicialmente, contando com a ajuda de alguém.
É importante que as crianças aprendam com os erros e giram as emoções decorrentes do insucesso. Da parte do adulto, é fundamental não vivenciar o insucesso por elas, mas amparar a sua queda; é importante evitar a crítica e o negativismo da frase “eu bem te disse” e transformar essa atitude numa postura otimista, encorajadora e estruturante.
A vida é feita de escolhas, não de expectativas!. Estas são como esperas ansiosas que produzem um efeito terrível na vida de cada um e a imaginação é um aliado poderoso no seu fortalecimento. Como resultado, são criados cenários com ínfimas possibilidades de acontecerem e fica traçado o caminho para a deceção e para a frustração pessoal.
É também importante partilhar com a criança que há coisas que dependem unicamente da própria pessoa e há outras que dependem muito mais dos outros ou de acontecimentos externos, do que o próprio desempenho. Por isso, o papel do adulto para com as crianças passa por ajudá-las a não criar expectativas muito elevadas perante uma situação, sobretudo quando esta não depende diretamente dela.
Sem dúvida, a vida é feita de escolhas, mas estas são temperadas pelas próprias expectativas.
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