Desde março de 2020, com a Pandemia do Covid-19, que a vida humana se alterou significativamente, com um impacto intenso em cada um. Diversas têm sido as situações vivenciadas: aulas on-line, teletrabalho, celebrações on line, vídeo chamadas, uso de máscaras e desinfetantes, ausência de beijos e abraços, dependências de ecrãs, silêncios forçados…
Esta pandemia veio, de facto, alterar crenças, ideologias, pensamentos, emoções e comportamentos. Neste sentido, vários estudos foram realizados, para analisar o impacto da pandemia e do confinamento nas famílias, em geral, e nas famílias portuguesas, em particular.
Desses estudos, ressalvam-se os resultados de um estudo realizado pelas Universidades de Coimbra e do Porto, integrado num consórcio de 40 países, cujo foco de interesse é o surgimento do burnout parental, resultante desta pandemia.
De forma sucinta, desse estudo verifica-se que, por um lado, cerca 20 e 30% dos pais e das mães, respetivamente, afirmam que o confinamento e o isolamento social originaram um aumento dos sintomas de burnout parental, traduzido em condutas mais impulsivas e menos tranquilas em relação aos filhos. Por outro lado, percentagem idêntica afirma esta é uma fase de “oportunidade para aumentar a qualidade da própria parentalidade” e da relação com os seus filhos e, por isso, para o exercício da parentalidade, de forma mais tranquila e positiva.
Ora, sendo que o burnout parental surge quando há uma clivagem entre as exigências do exercício da parentalidade e os recursos parentais para lidar com essas exigências, mais do que a situação em si, um fator disseminador dessa clivagem é a perceção do impacto do confinamento na qualidade da relação com os filhos e da parentalidade. Assim, se os pais percecionarem esta situação como positiva, esse fator tem um impacto no bem-estar emocional dos pais e consequentemente na relação de parentalidade estabelecida.
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