(Ainda) A pandemia, por ter provocado a redução das relações dos mais novos com os seus pares e o enfraquecimento na aquisição das competências sociais e emocionais, gerou preocupação nos pais, particularmente ao nível do isolamento social dos mais jovens.
Já é conhecido o impacto negativo da pandemia no enfraquecimento da saúde mental das crianças e dos jovens, através da falta de convívio interpessoal, da diminuição das brincadeiras entre os pares e da limitação da socialização. Como consequência verifica-se o aumento do número de défices comportamentais, traduzidos na ansiedade, na depressão, na irritabilidade, na agressividade, nos medos e nas inseguranças, nas dificuldades em lidar com a frustração, nas birras e nas perturbações do sono.
Finalmente em período de férias, as crianças podem aproveitá-lo como uma oportunidade para (re)adquirirem ou treinarem competências sociais e emocionais, geradoras de momentos de interação entre os colegas e com os adultos, aprendendo e compreendendo condutas e sinais próprios da interação social e emocional.
Uma das formas de colmatar esta lacuna fruto da pandemia é fazer aquilo que as crianças tanto gostam: brincar!
Os momentos de brincadeira com a criança representam um meio de fortalecer a relação e promover o desenvolvimento de competências.
Através da brincadeira, as crianças partilham sentimentos, pensamentos e experimentam diferentes papéis. A brincadeira com os pais, representa um contexto seguro que permite fortalecer a proximidade.
Assim cabe aos pais, ter o cuidado de:
Não ensinar a criança a brincar nem decidir sobre as suas brincadeiras preferidas.
Deixar-se conduzir pela imaginação da criança, ao invés de impor a própria. Desta forma, tem a oportunidade de exercitar a sua imaginação, fica mais envolvida e interessada nas brincadeiras e torna-se mais criativa e capaz de pensar e brincar de forma independente.
Em contexto de brincadeira, imitar as brincadeiras da criança, fazendo o que ela disser para fazer.
Proporcionar a descoberta dos talentos de cada um e propor a colaboração de todos nas tarefas domésticas.
Com os adolescentes, a proposta para criar momentos de bem-estar é mais desafiante. É importante planear caminhadas, visitas específicas, experiências de bem-estar, etc. Através destas vivências são ativadas e mais facilmente identificadas emoções nelas e nos outros e é criado espaço para compreender as emoções através dos próprios pensamentos.
Numa fase seguinte é importante aplicar a regulação emocional para lidar com o turbilhão de emoções de forma adequada. Por exemplo, os adolescentes podem experienciar a vergonha em si e nos outros e compreender a sua função adaptativa, evitando a exclusão e a rejeição social. De facto, quando a vergonha acontece, os adolescentes podem pensar que os outros já passaram pelo mesmo e que a vergonha deriva do receio de serem avaliados/julgados pelos colegas.
Em última instância, é importante reaprender a cuidar de si próprio, relaxar, divertir-se, deixando espaço para o improviso.
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