Hoje em dia, os pais estão mais sós do que “antigamente”. Esta é uma solidão no espaço – por não terem quem os possa ajudar na educação dos filhos – e no tempo – distantes das gerações de pais antecedentes.
O século XX, reiterado pelo século XXI, é palco do movimento de disseminação da família nuclear, seja pelo número crescente de divórcios, seja pela flexibilidade profissional dos pais que os impele ao desempenho de múltiplos papéis profissionais.
Até há relativamente pouco tempo, a presença dos avós e a convivência intergeracional era natural e previsível: os avós espontaneamente colaboravam na educação dos seus netos, havendo sempre alguém para contar uma história, dar “colo”, enxaguar as lágrimas ou responder a um “porquê”.
Hoje em dia, a colaboração dos avós, quando é possível, é uma colaboração “em série”, na medida em que a criança passa da casa dos pais para a casa dos avós (ou a avó passa umas horas em casa dos pais). A mãe não vê o que a avó faz e a avó não vê o que a mãe faz. Tanto a mãe como a avó estão a sós com a criança durante horas, sem qualquer apoio ou tempo para respirar.
Com as crianças mais pequenas, até as ações mais simples como tomar um duche ou ir à casa de banho podem ser autênticos desafios. Acrescido ao facto da criança se deparar com um cuidador temporariamente ocupado, cansado ou mal-humorado, avista-se uma situação desconfortável para ambos.
Até não há muito tempo, a socialização das crianças ocorria entre o seio da família alargada e a vizinhança; as crianças desenvolviam-se integradas nos vários grupos sociais, com crianças de diferentes idades. Até há não muito tempo, as crianças relacionavam-se com outros adultos que não os pais e os professores, testemunhavam as suas atividades e escutavam as suas conversas.
Nos tempos atuais, considera-se que a melhor forma da criança sociabilizar é afastá-la da sociedade e da família e colocá-la numa sala com um grupo de crianças e uma adulta que diz coisas próprias para essas crianças.
Nestes mesmos tempos atuais, a ausência de outros familiares e a relação distante com os vizinhos, faz com que as mães passem muitas horas sozinhas, em casa com o bebé. Isto é negativo para o seu bem-estar psicológico, provocando sentimentos de solidão e ausência de estímulo intelectual e social.
Por isso, é muito importante que as mães participem em atividades que vão mais além do que “apenas” cuidar do bebé, socializem e recordem que para serem boas mães, antes de mais, é importante serem boas cuidadoras…de si próprias.
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