O grito silencioso: o que a agressividade dos seus filhos está a tentar comunicar?
- Diamantina Moreira

- há 1 dia
- 2 min de leitura
Um grito, um pontapé, uma birra, uma exigência, um empurrão, uma resposta insolente.... agressividade. Estes momentos são desesperantes para os pais ou cuidadores. Muitas vezes surge a questão: "Porque está o meu filho a ser agressivo? O que faço com isto? Como devo reagir?" Talvez o caminho mais fácil de encontrar seja a punição, seguida da frustração.
Com este artigo gostaria que refletíssemos: "Que necessidade não está a ser satisfeita?" Em muitas crianças e adolescentes, a agressividade é um desafio, é perceber onde está o limite. Mas em muitos casos a agressividade é uma comunicação desesperada, uma ou várias emoções reprimidas que não conseguem expressar de outra forma. É o grito silencioso.
Este grito pode esconder:
medo, insegurança: a agressividade aqui funciona como mecanismo de defesa;
necessidade de limites: a agressividade aqui funciona como um teste à consistência e a segurança;
não saber lidar com determinado sentimento: a agressividade aqui funciona como sobrecarga emocional;
sentir-se ignorado: a agressividade aqui funciona como mostrar que necessita de atenção.
É fundamental que os pais ou cuidadores consigam compreender a mensagem, por isso o desenvolvimento da inteligência emocional é fundamental. Quando um filho agride, a sua inteligência emocional "falhou".
O cérebro emocional (sistema límbico), especialmente na infância e adolescência, desenvolve-se mais rapidamente do que o cérebro racional (córtex pré-frontal). Quando confrontado com frustração, cansaço ou medo, a resposta mais rápida e menos trabalhada é a agressão. É possível mesmo referir que é algo primitivo.
A principal tarefa dos pais ou educadores é tentar traduzir esse grito de ação para palavra.
Mas e então o que podemos fazer? Claro que em situações mais complexas é importante a procura de um profissional especializado. Não hesite.
Não obstante, existem algumas estratégias que podem ser utilizadas:
Pausa e Respiração: Ensinar a criança ou adolescente a reconhecer a sua própria emoção primeiro. Afastar-se por segundos se for necessário. Os pais e educadores devem fazer o mesmo: a criança ou adolescente não consegue acalmar-se se você estiver em crise.
A Escuta Ativa: Dar tempo e espaço para a criança ou adolescente falar assim que estiver mais calmo. Podemos ajudar questionando: "O que é que te deixou assim tão chateado/a? Estou cá para te ajudar."
Validar a emoção e o sentimento que a criança ou adolescente tem.
A conexão é a primeira linha de defesa contra a agressividade, pois preenche a necessidade de ser visto e compreendido, retirando a urgência do "grito silencioso".
A agressividade dos filhos é dolorosa, mas é a sua maior pista. Não se trata necessariamente de serem "maus" ou terem falta de educação. A criança ou adolescente pode estar a passar por alguma situação mais complexa e ainda não estar munida com as ferramentas emocionais necessárias.
Ao integrar a Inteligência Emocional para decifrar a mensagem, a Parentalidade Consciente para responder com calma, transformamos o momento de conflito na maior oportunidade de crescimento emocional da família.
O "grito silencioso" pede, acima de tudo, para ser ouvido.


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