O psiquiatra Colin Murray Parkes, no seu trabalho sobre o luto, defende que as pessoas que não expressam as suas emoções após a morte de um ente querido sofrem sintomas físicos e psicológicos, mais severos e permanentes que as pessoas que “se vão abaixo” depois da sua perda.
Também Marcel Proust afirma que a cura de um sofrimento só é possível através da sua expressão na totalidade. Quanto mais as pessoas falam com os outros sobre a morte de um ente querido, menos problemas de saúde relatam ter. Após algum tempo, mesmo que continuem a sentir dor e a aceitá-la, estão aptas para seguir as suas vidas.
Em 2008, o terapeuta William Worden publicou o seu detalhado trabalho sobre o luto, onde identificou quatro fases que caracterizam este processo.
A primeira fase tem que ver com uma resposta muito comum a uma perda: a negação. A pessoa recusa em aceitar o facto da outra pessoa ter desaparecido ou menospreza o valor da relação com a pessoa falecida. Uma recuperação saudável implica que a pessoa que experimentou essa perda aceite a realidade, não só que o falecido não voltará mais, como atribuindo o verdadeiro significado ao relacionamento com quem faleceu.
Numa segunda fase, a pessoa deve acolher a dor do luto. Ao invés de controlar as emoções, manter a postura e “ser forte”, a pessoa enlutada fica melhor ao passar por essas emoções, vivenciá-las e expressá-las, em palavras, lágrimas ou outra forma com que mais se identifique. As pessoas que vivenciam uma perda, com a melhor das intenções dos outros, são por eles distraídos, ao encorajarem a não chorar pelo falecido e seguir em frente com as suas vidas e ajudados com antidepressivos, de modo a anestesiar da dor. Tudo a seu tempo! Estas estratégias apenas adiam a dor que deve ser vivida, prolongando o processo de luto. Esta fase leva o seu tempo e requer muita paciência, permitindo ao sofrimento ser vivido e manifesto.
A terceira fase do luto implica um ajuste a uma nova realidade. A perda pode significar a reestruturação de papéis, a adoção de novas responsabilidades e até o reiniciar de novas relações. Embora estes ajustamentos não devam ser feitos logo a seguir à perda, estes não devem ser evitados, sob pena de se perpetuar um processo depressivo e adiar o processo de recuperação.
Por último, a quarta fase significa seguir em frente, o que é uma etapa desafiante, na medida em que o enlutado sente como se estivesse a trair o falecido e os próprios valores. O essencial é encontrar o lugar adequado do falecido no seu coração e seguir em frente, investindo em relações significativas e em atividades prazerosas.
De salientar que o “luto” não está associado apenas à morte física de alguém, mas a todas as perdas do ciclo de vida de cada um.
Independentemente da natureza do luto e da idade do enlutado, passar pelas quatro fases do luto ajuda a pessoa acrescer saudavelmente e a curar-se emocionalmente.
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